Enquanto acreditava, agi, e essa foi a oportunidade que se abriu para entrar mais profundamente na experiência. Por um tempo acreditei que tivesse errado, mas agora sei que n?o.
A verdade é que a queda sempre ocorreu.
Ao contrário do que se pensa a queda n?o é um processo de puni??o, mas sim de eleva??o, em um processo que envolve o desejo de se conhecer o amor e o respeito aos desejos, manifestos e n?o manifestos, e come?ou logo quando a primeira parcela do que ELE era foi destacada do UM.
Nessa última guerra n?o foi diferente, e poucos viram isso.
Porém, agora que a guerra acabara, o evento da queda foi percebido, e quase todos creram que um julgamento das a??es que foram tomadas pelos envolvidos estava sendo levada a termo, porque todos estavam sendo julgados por um santo tribunal.
Do solo do planeta os seres tinham os olhos voltados para o alto, seguindo a queda de inúmeros anjos.
Os mais antigos, ou os que haviam caído antes, seguiam as quedas com uma dor pulsando no cora??o, lembrando-se de suas próprias desditas.
Ovandriel, apesar de ainda muito fragilizado e cheio de bandagens e faixas, seguindo o exemplo dos treze que queriam ver o evento do ch?o do planeta, apesar de alguns ainda n?o estarem totalmente curados, decidira ser trazido para a terra, de onde a vis?o era mais impactante e ampla.
Estava na planície junto ao rio em companhia da sua guarda, dos treze e de muitas pessoas, de alguns poucos dem?nios e de muitos anjos, caídos ou n?o.
O dia estava normal, o verde e o dourado do sol estavam normais, mas nas outras dimens?es havia uma grande nota de tristeza e, por mais estranho que possa parecer, de esperan?a.
Gadhiel tirou os olhos de Ovandriel. Ele estava se recuperando bem, conferiu mais aliviado. Em silêncio se fixou no que estava acontecendo, cismando em como n?o deixava de ser estranho ver as consequências das escolhas...
Muitos anjos simplesmente caiam, seus corpos se tornando mais pesados, suas asas já n?o t?o fortes, caindo solitários e separados, enquanto o próprio deus se mantinha em silêncio.
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Gritos e lamúrias eram facilmente ouvidos, cortando o céu, acompanhando muitas das intensas colunas de fogo que despencavam do alto.
- Eles est?o sendo julgados pelo um. Eles est?o caindo, miseráveis traidores que s?o – sussurrou uma m?e-d'água tomada de temor.
- N?o é DELE o julgamento – sussurrou Ovandriel baixinho, passando os olhos repletos de compaix?o rapidamente na m?e-d'água que proferira o julgamento, - mas sim dos próprios anjos que caem, ao reconhecem, mesmo sem se aperceberem, das culpas que têm. Foi assim nas outras quedas, e assim é agora – falou para aqueles que estavam prontos para ouvir. – Olhem à volta. Seus olhos se preocupam com a queda que está ocorrendo, mas poucos veem a verdade, e quando a veem, n?o a percebem realmente: veem, alguns caídos est?o retornando para casa – apontou para longe, onde singelas luzes brancas subiam vagarosamente para o céu. – Há muitos que est?o despertando agora, e retornando para casa – insistiu em apontar.
- Obra dos anjos de poder, que terminaram de pacificar a guerra? – cismou Layla, perdida nas luzes que subiam.
- N?o, Layla. Esses anjos de poder que vieram, vieram n?o para terminar a guerra, mas para aliviar o sofrimento que ela deixaria. Os caídos já se preparavam para mergulhar, e eles vieram consolá-los, dizer-lhes que estava tudo bem que fosse assim e para sussurrar a promessa, em cada alma, que nunca estariam sós.
- E, por que isso n?o é explicado para todos? Sempre entendemos que a queda é uma demonstra??o de insatisfa??o ou for?a do UM – sussurrou Tueris após pensar por um momento.
- Sempre esteve às claras, meus amigos, mas já devem ter entendido que todos só ouvem o que est?o prontos para ouvir...
Foi nesse momento que houve um movimento ao lado, com muitos recuando meio assombrados: um dem?nio, aparentemente da superfície, come?ou a brilhar com suavidade. Ele parecia n?o se aperceber do que lhe acontecia, pois mantinha os olhos pensativos no céu, e havia aquele sorriso de compaix?o que inundava todo o seu rosto.
Ent?o, subitamente, seus olhos se fecharam, como se rezasse, e foi se elevando com grande suavidade e leveza.
- Vejam, tinha um anjo de poder aqui, fingindo ser um dem?nio – assombrou-se um vigilante, apontando para o ser que se elevava envolto na brilhante aura.
- Todos só ouvem o que est?o prontos para ouvir... – repetiu Ovandriel, tomado de alegria.
- Realmente... Só ouvem os que est?o prontos... – Layla sussurrou.
- Será que é assim mesmo, Ovandriel? – suspirou Devani?, os olhos seguiam o dem?nio que voltava para casa. – é fácil perceber, agora, que n?o existe escurid?o, que nunca existiu. O UM é amor, e tudo o que existe é ELE, e nós somos ELE, como a terra que nos sustenta, como o ar em que nos movemos, como a água que nos mantém como... como os lugares criados que partilhamos com toda a vida... Tudo é ELE, da luz mais cegante às trevas mais densas, tudo é ELE. Nós n?o existimos, é tudo uma ilus?o. Somos pequeninas express?es DELE criando situa??es para experimentarmos...
Ovandriel e os que a tinham ouvido ficaram absortos, examinando as belas linhas de seu rosto enquanto rememoravam cada palavra e cada sentimento nelas colocado.
Layla a puxou para si encostou a cabe?a na dela, totalmente feliz e em paz.
- Você está mais que certa, minha querida amiga AsaLonga.