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SÊNIOR EM LÁZARUS, O ASALONGA - 2.521 e5

  Examinei com cuidado todas as linhas de tempo, todas as possibilidades. Ent?o, ficou a quest?o: certeza ou aventura?

  I

  Sênior estava pensativo, como já vinha se mostrando há um bom tempo, o que n?o preocupava ninguém. Desde que o último de sua família se fora, imergindo na experiência, desde que se afastou um pouco deles, deixando-os caírem pesadamente dentro da escurid?o, era assim que ficava. Se no início se preocupava com eles, protegendo-os e livrando-os de problemas, por fim deixou de fazer até mesmo isso, porque via que, procedendo assim fragrantemente os desrespeitava, desrespeitando suas vontades. Mergulhar de vez na experiência era o que desejavam, e ele n?o podia ficar interferindo.

  Por várias vezes se perguntara se também n?o deveria descer, se deixar esquecer, se afundar irremediavelmente.

  Aquele era um mundo que mudava rapidamente, e isso, principalmente, pelas novas criaturas, t?o frágeis e poderosas como nunca pudera supor.

  Eles funcionavam como indivíduos, como todas as outras criaturas ali, imersas da dualidade, mas os homens eram diferentes, eram especiais, e era essa a sua beleza e sua ruína. De uma forma especial cada indivíduo criava uma realidade, como uma pétala numa flor, que em conjunto com todas as outras pétalas, criavam uma ilus?o de realidade. Cada uma das novas criaturas tinha um enorme poder de criar, e n?o sabiam disso.

  Ent?o ficou pensando sobre os dem?nios e sobre os anjos, e sobre cada ser criado e animado, e viu que era assim também com todas as outras criaturas, que criavam dimens?es, que as povoavam, que as modificavam.

  O que acontecia era apenas que essas novas criaturas traziam em si uma incrível capacidade de, em cada indivíduo, embalar a sombra e a escurid?o, numa luta que parecia ser eterna.

  Sênior inspirou profundamente, a mente fervilhando, pesando possibilidades. Da rocha na lua, onde estava sentado, observava com aten??o o emblemático planeta azul, cismando sobre tudo o que o envolvia.

  - Gaia – sussurrou para a escurid?o. – Gaia, a ultrajada, a desprezada, a vilipendiada, a de imensa alma, a de amor incondicional...

  Ent?o se levantou por fim.

  > N?o vou te abandonar. Mas, confesso minha amiga, estou cansado de tantas guerras, que sempre se mostram numa nota maior. Como AsaLonga vou descer, e por Lázarus agora serei conhecido, e tardish fui, como fui também ganedrai, na busca de uma forma de acordar a escurid?o. O que serei? Voltar a ser ou ser um renovar. A escolha no aqui e agora, essa é a minha escolha, sendo um n?o sendo – murmurou abrindo as asas. – Se vou ser um sendo/n?o sendo, que eu esteja tocando a terra de Gaia, ent?o. Oculto e silencioso, até mesmo de meus irm?os veladores e da própria Gaia, adormecidos todos.

  Num impulso poderoso levantou uma imensa cauda de poeira na superfície cinza e igual e se precipitou em dire??o ao planeta azul. Quando penetrou na atmosfera o fez mais para os lados do oriente, sobre um conjunto de ilhas que se esticavam para o sul. Ent?o, lentamente, sondou a terra enquanto a circundava. De repente pairou sobre uma imensa cordilheira mais ao sul, num continente que se ligava a outro mais ao norte por uma pequena língua de terra.

  Devagar desceu sobre a cadeia de montanhas. Um vento frio corria forte, levantando uma grinalda alva e longa enquanto uivava feliz, se julgando sozinho por ali.

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  Lentamente vasculhou o lugar, avaliando a pris?o onde Trevas e Escurid?o estavam presos, e como havia um vazio de pessoas ao seu redor. Suspirou, as lembran?as se enovelando à sua volta.

  Como uma tenta??o ficou se perguntando se n?o deveria dar cabo dos dois, mas viu que isso n?o poderia acontecer. Devagar se estendeu por outras dimens?es e avaliou inúmeras linhas de tempo, e viu o quanto importante eles eram para que Gaia tivesse sucesso, apesar do imenso risco a ela que eles representavam.

  Ent?o procurou pela sua família dos velhos ganedrais, e achou apenas alguns deles. Eles pareciam que haviam superado aquela fase mais negra, e alguns eram sábios e alguns outros eram cinzas e outros... se mantinham ocultos. Ent?o procurou por aqueles que traziam sem si uma for?a para ser um dos veladores, e viu apenas promessas, porque eles ainda n?o podiam ser encontrados, a n?o ser Mercator e sua flor azul, totalmente ignorantes do papel que representariam.

  - Mercator e sua flor... – e os vendo sentiu que seu cora??o mergulhava numa quietude pensativa.

  E foi ent?o que as viu, ao largo, cismando, pulsando ocultas, vigiando.

  Depressa se ocultou.

  Nem mesmo as mutas deviam saber que ele havia descido ali.

  II

  Elahim, se deixou quieto, pensativo, observando de longe aquele que agora de Lázarus se chamava, que claramente procurava se decidir. De certa forma o admirava, como admirava os outros tardischs. Eles eram um dos poucos “impartidos da luz” que, tinha certeza, mesmo que n?o houvesse o “código dos descidos” acabariam entrando em um acordo tácito e o seguiriam com denodo, em que n?o se permitiriam usar todo o poder que possuíam, mesmo que a dor e o desespero parecessem suficientes para destruí-los. Quase sempre os via agindo assim, sem se importarem com a existência ou n?o de um código, como quando simplesmente foram abdicando de suas asas e descendo, abrindo m?o de impartidos serem, obliterando poderosamente todo seu belo poder.

  Com cuidado examinou os ganedrais que haviam caído t?o vertiginosamente, sem fragmenta??o que lhes suavizasse a queda. Ainda podia sentir o enorme poder, ainda podia ver o quanto estavam mais próximos do UM que a grande maioria, mas... Nas vidas que escolhiam, nos papeis que escolhiam desempenhar, os via um tanto esquecidos, com seus poderes em muito amortecidos, cada vez mais afetados por essa escolha nas vidas que se seguiam.

  Ent?o Maestra se voltou novamente para Lázarus, que sobre si colocara pesados limites aos poderes que poderia usar. Ainda era t?o poderoso quanto um “impartido da luz” puro na terceira dimens?o poderia ser, condi??o essa que para ele parecia ser apenas uma condi??o simples deixada num canto do c?modo silencioso. Curioso seguiu o pulso desse anjo que a tudo examinava e embalava, porque, apesar de desejar tanto estar com seus irm?os, estendia sua percep??o de que todos, tudo o que havia, era sua irmandade, e que ele, se pudesse, ficaria atento às suas rezas.

  Como os antigos n?o perceberam isso quando quase os expulsaram do paraíso? Talvez somente alguns poucos, que tinham imenso respeito pelas escolhas que os tardischs se impuseram, inclusive de se manterem sob um véu, tiveram a verdadeira no??o deles, tal como Denatiel, Emanoel, os poderosos mostradores do caminho e...

  Elahin suspirou, trazendo sua mente e sua aten??o novamente para o anjo que finalmente se decidira. Surpreso viu que ele decidira descer em solid?o, possuído por essa forma de...

  Maestra parou um momento, cismando sobre qual sentimento ele se baseava, que devia ser o mesmo sentimento sobre o que havia seus irm?os se baseado para descer.

  - Amor, só pode ser. Pura luz... – se decidiu.

  Mas, como poderia ser isso, se em alguns momentos se pegavam tristes e desesperados, se apresentavam sintomas de medo e panico, sentimentos esses que quase definiam as sombras?

  Uma nave pleiadiana se mostrou, ainda muito longe. Elahin a observou por algum momento. Ent?o se ocultou dentro do quasar, ali se aninhando, mantendo ainda a mente próxima da de Lázarus.

  E, o que ainda tornava tudo mais estranho, sabia que Lázarus tinha consciência de sua presen?a, mas que mantinha esse conhecimento longe de sua aten??o, demonstrando, inclusive, um certo conforto com tal vigília.

  Elahin pulsou demorado, a mente se perdendo em linhas luminosas que se contorciam e se esticavam. Tudo estava se tornando complexo demais, todas as estórias em todos os lugares criados se enredando, a quase totalidade das criaturas esquecida de que estavam ligadas, todas.

  Distraído ficou acariciando a caveira de cristal esculpida em abalone, que vibrava feliz em vários matizes em reconhecimento do que eram.

  - Que aventura é essa... – pulsou satisfeito dentro do quasar, vendo Lázarus desfazer o lugar ElAmen que por bom tempo chamara de lar, se preparando para um novo come?o.

  - Fim -

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