Espero que entendam que o engano que uso é para o bem. é difícil n?o entender como vocês n?o percebem que a minha vontade é simples de ser cumprida.
I
Sênior cumprimentou o comandante Dranian, chamado Beliel, assim que eles se apresentaram.
- Lúcifer, é isso mesmo? – perguntou Beliel assim que se postou à frente e Sênior.
- Sim, é por causa dele mesmo.
- Ainda bem que poderemos fazer algo para pará-lo. Ele colocou toda a regi?o da colina de cobre em polvorosa.
- Sinto-me feliz por estarem aqui. Vamos ent?o, porque isso já está se arrastando por um longo tempo – falou se virando para os seus.
Sênior e os ganedrais, acompanhados por uma centena de dranians, subiram rapidamente para o norte.
Quando desceram na “colina de cobre”, junto à cidadela, ouviram gritarias e correrias, enquanto dêmonas e dem?nios se ocultavam nas esquinas e buracos no monte ou nas choupanas de pedra e barro.
Sênior olhou penalizado para o ambiente triste que era tudo aquilo. Avan?ou devagar, levando os seus consigo, em dire??o à pra?a central de terra batida, onde um trono de madeira carcomida estava assentado.
Lúcifer os aguardava ali, um sorriso malicioso pendurado na cara.
Assim que se aproximaram e pararam à sua frente em uma meia-lua, logo se viram cercados por inúmeros dem?nios e dêmonas. O ser vermelho e maldoso sentado ao trono ele riu alto, enquanto batia palmas sonoras.
- Que surpresa agradável – falou com satisfa??o. – Ganedrais, dranians,... Bom, muito bom. Ora, noto e muitos de vocês um incomodo, uma revolta silenciosa – sorriu. - Ent?o vocês descobriram? Ah, mas era uma chance que eu lhes dei, para que confrontassem seus inimigos, e pudessem a tudo dominas. Que lástima – reclamou entre risos.
- E estamos usando-a – falou Sênior, cruzando as m?os à frente do corpo. – N?o vê que estamos aqui?
- Ah, que pena... Tentei ajudar, vocês viram – falou se erguendo do seu trono. – Mas, é sempre assim, n?o é mesmo? Quando tentamos ajudar só recebemos desprezo, e todos se voltam contra a gente. Isso é muito frustrante...
- N?o viemos para conversar, nem para acusar, ou ouvir suas loucuras, Lúcifer.
- E vieram ent?o para que? – riu debochado.
- Para colocar um ponto final nisso.
- Ora, mas ent?o n?o somos mais irm?os? Olhem à volta... N?o somos mais todos irm?os?
- Sempre ser?o, Lúcifer. Mas, agora, s?o apenas dem?nios, irm?os que desejam a experiência escura. Um dia voltar?o para casa, mas n?o agora. Isso vai demorar para vocês.
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- Ent?o, que assim seja. Aceito colocar um ponto final nisso. Sabe, até que esse é um desdobramento muito bom – riu sacando a espada de sangue.
Num arranque Lúcifer abriu suas asas vermelhas, esticando a esquerda em dire??o ao pesco?o de Sênior com a inten??o de atingi-lo mortalmente com a garra que trazia em sua articula??o.
Sênior se afastou um passo, com um golpe violento cortando parte dessa garra, que foi respondido por um urro de ódio e dor do dem?nio.
Ent?o os dranians e ganedrais foram engolfados pelos dem?nios.
A massa se revolvia e girava. O trono foi destruído, bem como a cidadela, pisoteada e atingida por inúmeras espadas, até que tudo se mostrou apenas escombros em meio à centenas e centenas de corpos. O cheiro nauseabundo da morte, feito de sangue, excremento e urina, subia do ch?o conspurcado.
Mas a batalha n?o cessava, e nem mostrava sinais de que teria algum fim, pois que anjos que passavam desciam e se juntavam aos ganedrais, bem como dem?nios errantes se jogavam no combate, aumentando cada vez mais a massa que se batia.
A tarde veio, e a barra do dia já esmaecia quando Sênior, num golpe furioso e medonho, rasgando dois dem?nios, atingiu o ombro de Lúcifer, cortando fundo.
Lúcifer urrou, os olhos furiosos postos sobre Sênior.
Ent?o algo em seus olhos mudou, ao ver que havia alguma coisa diferente naquele anjo. Havia fúria, havia um prazer em combater.
Ent?o olhou para a espada daquele anjo e a viu azul iridescente coriscada de veios azuis quase negros. Mas ela, a energia que ela refulgia, estranhamente lhe lembrava uma outra, que conhecera por vintana. E essa também parecia raivosa e determinada.
Apressado se distanciou dele, pondo entre eles vários de seus comandados. Mas, via com preocupa??o, de quando em quando os olhos faiscantes de Sênior, tentando abrir caminho até ele, matando e esquartejando, sua vontade posta apenas nele, sendo os outros apenas colocados de lado como simples obstáculos.
De repente um medo cresceu dentro de sua alma.
Ao longe ouviu o troar de um vulc?o entrar em atividade, e imaginou se n?o deveria...
II
- Devemos ir atrás dele? – perguntou Dangelo.
- N?o – falou Sênior, segurando rudemente um dem?nio pelos cabelos, ignorando os gritos dele. Ent?o, como se n?o fosse nada, passou-o pela espada, simplesmente deixando o corpo cair para o lado. – Que fique lá, nas entranhas ferventes da terra, e lá fa?a o seu reino. Ele vai aprender, se tentar sair de lá. Eu senti o medo dele, e sei que ele entende, agora, que n?o lhe será dada qualquer chance.
O pequeno anjo guardou a espada, os olhos passeando por toda a destrui??o que havia à volta, fixando-se um tempo nos ganedrais, perdendo-se por algum tempo no grande anjo raivoso e zangado que parecia a todos comandar.
- Em algum momento você sabe que terá que dar um destino final a esse problema, n?o sabe? Os assuntos, quando ficam assim inacabados, tendem a piorar – Beliel tentou alertar.
- Ent?o, esse tempo virá ao nosso encontro. Por enquanto, vamos dizer que esse é um tempo para que repensem. Agrade?o a ajuda de vocês, dranians. Como sempre, foram inestimáveis.
- O prazer foi nosso, ganedrais. Irm?os se ajudam – sorriu. Akindará, velhos irm?os.
- Akindará, velhos irm?os – os ganedrais cumprimentaram de volta, partindo para o sul.
III
Nemaiel o ouviu, o pesar afligindo o seu cora??o.
- Sentiu que eles estavam em queda? – perguntou para o pequeno anjo.
- Eu n?o diria em queda – falou, mostrando a confus?o que o atormentava. – Eles estavam duros, furiosos, mas posso afirmar que eles s?o estritamente luz. Quer dizer,... Sabe, eles lutam apenas contra a escurid?o, por n?o a aceitarem. Eles sabem que a escurid?o é luz mas... N?o sei como explicar... – capitulou.
- Eu entendo... Eles assumiram a posi??o de defesa da luz, e ser?o cada vez mais determinados nisso. Eles deram o passo, que irá levá-los numa jornada longa e estranha..., mas necessária, eu vejo agora.
- Eles ir?o cair para a escurid?o? – perguntou um anjo sentando-se na larga varanda sobre a cachoeira que caia pelo despenhadeiro.
- N?o, n?o na escurid?o como a entendemos. Eles s?o apenas guerreiros da luz.
- Já sabia disso? – perguntou um anci?o, passando pela larga porta.
- Eu havia visto isso há algum tempo, e tentei alertá-los. Mas, é a linha de tempo deles. Eles est?o abrindo caminho para nós... A uni?o de mundos agora se mostra mais claramente, n?o se mostra? Os escuros ir?o ficar algum tempo tentando entender esses ganedrais, e mais ainda os dranians no planeta, e os anjos enfezados que se espalharam por Onoriáh.
- é a oportunidade que buscávamos... – sussurrou o antigo, colhendo na m?o um pequeno pássaro cansado.