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GAIA – 1,328 Tempo espírito – Amor infinito.

  Com qual régua devo medir o tamanho do amor que te faz abrir m?o até mesmo da sanidade?

  I

  Derfla sentiu a dor dos ganedrais, e afastou um mínimo sua consciência da deles. Havia um intenso amor ali, viu, como havia uma terrível preocupa??o.

  - N?o entendo – falou para a m?nada que pulsava suave e gentil acima do planeta. – Por que escolhe cair? Quer dizer, cair ainda mais?

  - Vocês conseguem ver? – Urantia vibrou com suavidade. – As pessoas surgiram, e esse é o come?o. Novos seres ir?o nascer aqui, e eles ser?o maravilhosos... Mas, eles ser?o inocentes, e v?o cair, porque ser?o seduzidos pela escurid?o. N?o há como deixá-los sozinhos na escolha que far?o. Eles s?o UM, que ir?o escolher se dar essa experiência. Na verdade, eles ansiar?o por ela.

  - Ah, será um tempo longo demais nessa escurid?o ainda mais densa que pensa, minha querida amiga. Nunca foi conseguido êxito em algo assim, n?o nessa profundidade dentro da escurid?o...

  - Em algum momento isso irá acontecer, porque essa experiência já está no UM. Se n?o for aqui, agora, será em outro lugar.

  - Um mergulho assim foi tentado pouquíssimas vezes, porque causa terrível receio, e em nenhum local foi conseguido. Os sistemas que ousaram cair uma fra??o disso foram destruídos numa loucura horrorosa e numa densidade indescritível. As m?nadas que participaram da experiência tiveram que ser tratadas com muito cuidado. N?o houve quem suportasse o tamanho da loucura.

  - Alguns suportaram sim, meu amigo. Você bem sabe, n?o é mesmo? Os velhos guerreiros raivosos conseguiram... E muitos se curaram e se tornaram extremamente lúcidos e fortalecidos. Esperan?a, é o nome deles, para mim.

  Sênior sentiu um peso na alma, e sorriu entristecido, uma dor t?o funda que o fez se calar por algum tempo, sob os olhos amorosos de Urantia.

  - N?o sabíamos daquela experiência. Fomos engolidos por ela..., tal como os outros. Muitos n?o conseguiram – suspirou dolorido. - Foi muito difícil...

  - Eu sei, meu querido. Ent?o, agora veem que precisamos tentar aqui, n?o veem? Sinto-me preparada, como as consciências que est?o aqui comigo também se sentem. Se conseguirmos, será uma marca??o em um caminho que estará aberto...

  - Nunca fui contra qualquer escolha, realizada com a liberdade sagrada do livre-arbítrio, mas...

  - Apenas confiem... Vocês me prepararam, me apontaram o caminho. Agrade?o por isso, ganedrais.

  - N?o há como estar preparado para isso, Urantia. Você bem sabe que a confedera??o n?o irá ajudar nisso. Você e os seus, ao escolherem isso, estar?o sós...

  - Sabemos, e aceitamos. Em algum dia, no futuro, iremos emergir disso. Mas, apesar do que disse, sabemos que nunca estaremos sós. Além do UM, teremos vocês...

  Derfla a observou com cuidado, junto com todos os outros ganedrais.

  - é certo que sempre estaremos por perto, Urantia – prometeu Jasmiel, a voz doce e amável.

  - Eu sei, querida amiga. E, agora n?o mais Urantia. Gaia eu sou, porque nessa terra entregamos tudo o que somos...

  Os ganedrais ficaram em silêncio enquanto Urantia ia se transformando sob seus olhos. A luz poderosa tremeu e diminuiu lentamente de frequência, como se estivesse adormecendo. Com o cora??o contrito apenas ouviram como que um suspiro no espa?o, enquanto Gaia descia para dentro do cora??o do planeta, onde se recolheu.

  Com pesar viu que muitas formas de consciência se despregavam e partiam enquanto outras diminuíam rápida e drasticamente suas vibra??es, as luzes que eram esmaecendo perigosamente. Viu anjos descendo rapidamente e recolhendo as que, em pura agonia, se debatiam, assustadas com o que acontecia.

  Foram dias e anos ali, até que tudo foi se acomodando.

  Sênior n?o sabia se deveria ou n?o ficar contente por Gaia. Todo o sistema de Satania estava atento, e respirou aliviado quando Gaia, contra tudo o que se pensava, conseguiu o que nunca o fora antes: Gaia havia caído na mais profunda escurid?o.

  Sênior decaiu sua vibra??o e a examinou na dimens?o em que estaria por um tempo extenso demais, a terceira dimens?o. Ali estava ela, um planeta lindo e azul em torno do qual, como uma bailarina, a lua girava, como um inseto em torno de uma lampada. Mas seu cora??o doeu, porque essa lampada n?o era nem mesmo uma pálida lembran?a do verdadeiro cora??o de Urantia, de Gaia.

  Ent?o viu os escuros afoitos e esfomeados, aguardando alguma brecha para nela descerem.

  This text was taken from Royal Road. Help the author by reading the original version there.

  Sênior encheu o peito lentamente, pesaroso, os olhos passeando pelo sistema de Satania. Ali já fora muito diferente, se recordava. Ali havia muito do espírito seu e de seus irm?os, que ajudaram a construir cada pedra, cada sopro; que auxiliaram as m?nadas excitadas com as possibilidades imensas que ali se mostravam a se estabelecerem nas esferas que surgiam no cortejo daquele belo sol, no humilde bra?o da galáxia.

  E viram a vitalidade de Vintra aceitando ser alijada da terceira dimens?o, enquanto se fortalecia nas outras; e viram Mitra morrer lentamente, mesmo que nas outras dimens?es ainda estivesse bela e fresca. Doeu elas terem tido que abandonar aquela dimens?o que, mesmo que dura, tinha sua beleza e possibilidades, como todas as outras, tal como doeu a destrui??o do pequeno planeta e...

  Sênior abanou a cabe?a, pondo de lado esses pensamentos que apenas o entristeciam e faziam sua energia diminuir.

  Foi nesse momento que o silêncio se tornou ainda maior. O cora??o se tornou terrivelmente pesado, pela sorte que todo aquele planeta lan?ara sobre si: com pesar viu todas as m?nadas na superfície diminuídas drasticamente em suas energias, suas vibra??es quase no limite mínimo.

  E havia os seus irm?os, onde via crescer o desejo que descer à superfície, onde encarnariam vezes sem conta, por um tempo que n?o se podia contar.

  - Eles est?o esquecidos – sofreu Azazel, tomada de dor, seguindo as consciências que estavam no planeta.

  Sem perda de tempo os ganedrais se aproximaram dela e a envolveram nas chamas que eram, e ali ficaram se apoiando, vendo a escurid?o se acomodar por todo o planeta.

  Sênior, em silêncio, como sabia que os outros também estavam fazendo, lentamente foi avan?ando no tempo, seguindo a nova linha de tempo que Gaia havia criado. O impacto inicial foi doloroso demais. Ele se isolou, deixando vis?es rápidas irem surgindo e se desvanecendo.

  Ent?o, como se fosse uma melodia, das sombras densas uma luz explodiu silenciosamente contra o solo do planeta que morria, e tudo foi, bem lentamente, se recuperando, até que...

  Sênior abriu os olhos luminosos, n?o conseguindo acreditar em tudo o que vira. Voltou-se para seus irm?os, e viu que eles também haviam presenciado e entendido tudo o que acontecera, e estava para acontecer ali.

  Azazel segurou o bra?o de Sênior e lhe transferiu todas as vis?es que tiveram de Gaia, e viram comovidos seus olhos se encherem de água.

  - O caminho mais forte e claro é que ela vai conseguir – suspirou Azazel agora toda tomada de luz. – Quer dizer, as linhas mais fortes, mesmo que mais dolorosas, dizem que ela vai conseguir.

  - E tem a promessa... – sussurrou Anaita, totalmente maravilhada, um arrepio maravilhoso correndo por todo seu corpo.

  - Nunca vi nada desse porte – Sênior falou, a voz num tom maravilhado e meio embargado.

  - Será que Gaia chegou a ver? – perguntou Khyah.

  - Acho que n?o – sorriu Sênior. – Ela fez por amor, e n?o por promessas. Nunca vi um cora??o como o dela – declarou com a voz embargada.

  - O UM sabe, e por isso fez a promessa de enviar os três mostradores do caminho – falou Anaita totalmente enlevada, lembrando-se das luzes poderosas que vira atingir a superfície do sombrio e triste planeta, e como isso renovava tudo o que Gaia era, como renovava e avivava toda a consciência que ela, como m?e, lutava em proteger.

  II

  Sênior voltou a sentar-se, após ter colocado todos a par do que haviam visto, os pensamentos febris tomando sua mente. Em todo o conselho e em Derfla, reunidos com os ganedrais, havia a mesma express?o de assombro e maravilhamento, em todos eles a expectativa, a esperan?a intensa e luminosa.

  Ent?o seus olhos se fixaram por algum momento em um ser estranho que se mantinha em completo silêncio, apesar de ver que nele havia grande poder. Elahin, se lembrou de quando Derfla o apresentara. Com cuidado o examinara na ocasi?o, e vira que ele até mesmo já havia sido por algum momento um dem?nio de poder, e que dessa condi??o voltara.

  Ent?o suspirou, deixando esse assunto para algum momento em que se apresentasse importante. Outras coisas agora exigiam cuidados.

  - N?o acreditávamos que seria possível... – murmurou o antigo, observando as distancias do tempo e espa?o.

  - Vai levar um grande tempo. N?o podemos perder as linhas para a reden??o – considerou Derfla.

  - O caminho será muito longo, é certo – falou o antigo. – Há muitos entroncamentos frágeis a que teremos que estar atentos, até que todo o processo possa ser considerado estável, seguro e firme. Mas, a decis?o de Gaia, apesar de temerária, é... N?o tenho palavras. Digamos..., esplendorosa - suspirou.

  - Nunca essas linhas de tempo se mostraram t?o fortes. Nas outras vezes em que isso foi tentado as linhas eram das mais frágeis. Mas, agora... – Derfla observou o céu azul, a respira??o longa e cheia.

  - Ent?o temos que nos preparar...

  Sênior parou, os olhos se fixando no antigo, que tinha um ar estranho e descrente, como se segurasse algo amargo que tinha receio ou pudor de colocar para fora. Foi como uma lamina fria, quando percebeu o que poderia ser.

  - Vocês acham mesmo aconselhável que participem de uma experiência t?o incrível, e frágil, quanto esta – ouviram a pergunta quase sussurrada.

  Sênior observou os presentes, e sentiu o silêncio tumular. Nos ganedrais havia uma revolta silenciosa principiando, enquanto no conselho uma tranquilidade um pouco indiferente. E havia Derfla e Elahin, e se surpreendeu que Elahin parecia concordar com Derfla, ao demonstrar discordar do conselho.

  - Somos muito indicados – falou com a voz firme e calma. – Sei que pensam em nós como guerreiros, e temos orgulho disso. Sermos no início dos tempos construtores foi como respondemos à experiência, e um pouco após sendo os que germinaram em Aden; respondemos como tardischs à agressiva escurid?o, como voltamos a responder sendo ganedrais. Nenhum de nós, quando fomos conscientizados como um pelo UM pode se arvorar perfeito, apesar de o sermos. Estamos aqui, fomos colocados aqui para isso, para experimentar.

  - Eu ouvi alguma coisa de vocês, tardischs – apartou Elahin, um olhar escrutinador passando pelos ganedrais. – Fizeram muitas loucuras por aí.

  - Tal como você, ao que parece, que vi que por pouco n?o se perdeu como um dem?nio de poder, tal como Escurid?o, Trevas e Mercator.

  Uriel sorriu, ao ver como Elahin ficou um pouco mais tenso.

  > E mesmo tendo acreditado que está bem, você se mostra bem mais frio e duro que um tardisch, bem agora.

  Elahin prestou mais aten??o nos ganedrais. Se ele próprio era um impartido, ali estavam muitos deles, e Sênior era, sem sombra de dúvida, um ser que deveria ser estudado.

  - Talvez esteja certo, Sênior. Gostaria de ouvir de você sobre vocês – falou. Sei que tem uma proposta, e só quero poder ouvi-la dentro do contexto correto.

  Sênior se virou para o conselho, e viu que todos eles se mostravam em silêncio, permitindo que aquela conversa fosse continuada.

  Ent?o inspirou demoradamente, os olhos presos em Elahin.

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