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A DÊMONA - Hora quinta após a queda

  Sei que viu a face cínica e doentia, repleta de ódio e desprezo. Só n?o sei se percebeu que era seu o rosto que via.

  Sua espada emitiu um suave brilho azulado, quase imperceptível.

  Ela avan?ava em silêncio, parecendo muito concentrada.

  - Como fará para me atacar agora, quando n?o pode usar da surpresa? – perguntou para a figura escura.

  Nem bem terminou de falar, foi surpreendido pelo ataque da dêmona. Ela se desintegrara e reaparecera bem à sua frente, o golpe sendo descrito no ar enquanto a espada cinza de neblina ia surgindo.

  Gadhiel aparou o golpe e girou o corpo, mantendo-se em silêncio, observando a fúria que a dêmona parecia pouca importancia dar em ocultar.

  > Se insistir em batalhar comigo, vai morrer – observou com prazer. - N?o vejo necessidade de batalhar com você, dem?nio. Estou procurando entender sua necessidade de se bater comigo.

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  - Minha necessidade – cismou ela se afastando um pouco para avalia-lo com mais clareza. – Você existe, n?o existe?

  - Por que me segue? – perguntou, apoiando-se no cabo da espada, fincada alguns milímetros no topo de uma larga pedra.

  - Fome – ela falou. – N?o consegui me saciar com os que est?o caindo, porque eles s?o novos aqui na terra. Mas eu vejo que você já está um tempo afastado do céu.

  - O que me deixa mais fácil para você, é o que pensa? – perguntou divertido.

  - Se fácil ou difícil, n?o importa. Prefiro que seja difícil na verdade. Mas essa sua condi??o o deixa acessível – informou. – Ent?o, n?o é nada pessoal – esgar?ou um sorriso.

  - Ah, ent?o está bem... Se você...

  Novamente ela tentou pegá-lo de surpresa. Mas Gadhiel, tendo visto a denúncia do ataque dela, apenas girou com for?a a espada, abrindo nela um corte profundo da virilha até a ponta do queixo.

  A dêmona apenas tremeu e seus bra?os penderam, as armas que invocara de suas sombras se desfazendo no ar. Subitamente, a press?o vencendo o corte limpo que seccionara as veias, um leque vermelho foi se formando à sua frente, enquanto ela caia. Gadhiel lamentou manchar a alvura que a tudo dominava naquelas alturas com aquele vermelho escuro.

  Por fim, deu de ombros.

  Gadhiel observou o corpo estirado na alvura corrompida, e deixou os ombros caírem, pensativo, os olhos se perguntando se as coisas nunca iriam mudar.

  - N?o é nada pessoal, ent?o... – falou, guardando a espada.

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