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ESCURIDÃO E LUZ - Elahin

  Tudo vibra, e em cada vibra??o, uma dimens?o.

  Por mais medo ou terror que assole o nosso cora??o, n?o há como deixar de ouvir quando ele se pergunta: o que mais há?

  Eu observava, e por isto vi o momento em que desistiram, o momento em que abriram m?o das possibilidades, em que deixaram de lado suas perguntas e se deram por satisfeitos; o momento em que se aceitaram como apartados irremediavelmente, enganados que estavam, se submetendo ao sentimento estranho de inseguran?a que come?ava a se insinuar, permitindo que se tornasse um pouco mais aparente.

  Mas n?o vi isso em mim. Como eu poderia parar se a pergunta ainda estava ali? Ent?o me voltei mais para dentro de mim e me incentivei: por que n?o?

  Devagar, com a respira??o presa, fui descendo, baixando a vibra??o que era, mais e mais. A escurid?o se adensava poderosamente, era fácil perceber, bem como um frio estranho parecia aumentar. E n?o era só isso: os sentimentos caiam ainda mais rapidamente, se tornando cada vez mais caóticos e repletos de algaravias, onde me ver, me ouvir e me sentir parecia cada vez mais dificultado. Neguei aten??o a esses sentimentos gritando, cada vez mais raivoso, que meus inimigos haviam me encontrado e queriam me negar a possibilidade de que eu tivesse sucesso e fosse laureado pelo UM, temendo que eu chegasse até mesmo a tomar Sua posi??o, com tudo isso se refor?ando, pois isso era extremamente crível ao meu cora??o.

  Assim convencido do que me ouvia dizer, resoluto me forcei cada vez com mais violência para o fundo, acreditando que estava me for?ando para frente, sempre mais violento eu me tornando, contra tudo e contra todos que eu mesmo criava.

  N?o dei importancia ao ver que a escurid?o se tornava algo muito mais sólido e quase impenetrável, se formando ao meu redor e me trancafiando num sarcófago que eu criava por dentro.

  Com ódio, acreditando em meu discurso, cravei com determina??o minha vontade na escurid?o que me tornava até que, de forma surpreendente, numa explos?o oca que fez vibrar cada ponto de energia do que eu era tudo ficou em silêncio e se desfez.

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  Confuso e maravilhado observei que estava novamente frente ao vazio, com meus irm?os, milh?es e milh?es deles, cismando sobre o que poderia ser feito ali.

  Virei-me e observei o UM, me perguntando quantas vezes eu iria reviver aquilo, porque era certo que aquela n?o era a primeira, nem seria a última vez de me for?ar ao extremo de descer.

  Ent?o me voltei novamente para a experiência vazia e mergulhei fundo, tomado de euforia e desejo, vendo novamente o horror, medo, ódio e frustra??o, e sentimentos de vingan?a e de tudo o que a escurid?o podia fazer nascer num cora??o se agigantar em mim, acreditando que logo estaria novamente na luz, frente ao UM, com toda uma nova carga de experiência que eu trazia para ele, pronto para recome?ar.

  Porém, algo diferente aconteceu em alguma repeti??o daquela experiência...

  Tudo estava quieto, em expectativa, como se aguardando algo. Me vi novamente, e havia apenas o vazio solid?o, pesado, hostil, criminoso e maldoso. Me forcei para baixo, mais e mais, com tudo novamente se adensando com violência, até que tudo parou novamente. Uma escurid?o absoluta, um frio e um terror, tudo isso cheio de coisas estranhas que ali se moviam, vinham das profundezas ainda incriadas em dire??o ao meu próprio ser.

  Abanei as m?os e desfiz tudo isso, na esperan?a de um recome?o.

  Consegui em parte.

  Porém, n?o conseguia desfazer a solid?o e a escurid?o.

  Em v?o tentei me lembrar, rever a luz imensa e absoluta que era o UM. Me peguei frustrado, porque até mesmo essa vis?o estava difícil de manter.

  Assustado vi que eu n?o conseguia mais a luz, e que havia algo novo ali, algo de que eu n?o conseguia me lembrar mais.

  Ent?o, assombrado, percebi que eu come?ava a perder minhas lembran?as, e isso eu chamei de esquecer, e chorei e pedi perd?o.

  Mas, n?o houve resposta, e nem uma presen?a amável no meu abandono.

  Subitamente, como se eu tivesse passado por uma porta, eu entendi.

  Horrorizado gritei que eu sempre estivera certo, que tudo fora feito para que eu me perdesse, e que até mesmo chegavam ao absurdo de tirar de mim as lembran?as que eu tinha da... luz, mesmo que agora ela me parecesse t?o pequena e sem importancia.

  Foi nesse momento de desespero que algo veio se insinuando, um conhecimento sensa??o que resgatei do quase desaparecimento, que segurei ante meus olhos. Ri nos espa?os, me maravilhando com isso.

  A escurid?o ainda estava ali, pesada, densa, inóspita e árida, mas também havia uma outra face, singela, calma, luminosa, que sorria gentil.

  Olhando as duas faces vi que era apenas uma, e meu cora??o sorriu e me disse: agora estou bem...

  - EU SOU – reboei suave na escurid?o, amando a ela e à luz.

  Tendo meu cora??o aliviado, mesmo sendo escurid?o e luz, olhei para o que sou, e me reconheci como Elahin.

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