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OS ANJOS ZANGADOS - 2,14

  Por isso, n?o existe o certo ou errado.

  Sorri para a escurid?o que subia ao meu encontro, e me obriguei a pesar o que eu poderia me tornar. Meu cora??o pulsou quando sorri para o espa?o vazio.

  De súbito pararam, observando as distancias, mantendo o foco num gigante gasoso que circundava um gigante azul. Todos sentiram uma pancada violenta no cora??o, pois era evidente que algo estava acontecendo ali, e ele se mostrava com um forte aspecto do mal.

  Com cuidado se aproximaram, procurando se manter ocultos.

  Sênior sentiu algo estranho crescendo dentro de si, enquanto via muitos milhares de irm?os, assombrados e enojados, se afastando céleres, desaparecendo além da escurid?o.

  Com o rosto endurecido observou atentamente os que permaneceram, e viu que eles embalavam os mesmos sentimentos que agora o possuíam.

  Lentamente sacou a vintana, sendo imitado por todos os outros que desembainharam suas espadas.

  - Isso aqui n?o é uma col?nia, mas uma pris?o, uma despensa onde os escuros guardam alimentos – falou com a voz dura e tensa. – E n?o há só esta despensa. Observem e ver?o que eles mantêm outros lugares assim. N?o está em mim aceitar isso...

  Quando caíram sobre o planeta uma imensa matan?a ocorreu. Como ceifadores n?o se diziam mais que combatiam irm?os, mas sim que buscavam erradicar de vez o mal, e de uma tal forma o faziam que as m?nadas que os corpos escuros ocupavam sofriam e se lamuriavam enquanto partiam.

  Após a limpeza de todo o sistema, indo de planeta em planeta, vigiavam a subida das m?nadas libertadas, os cora??es duros, apenas conferindo, como sonambulos, que elas estavam felizes, satisfeitos ao verem que eram rapidamente amparadas por anjos postados muito longe, que se mostravam confusos, se perguntando de onde elas tinham saído e porque apresentavam aspecto t?o roto.

  Ent?o os tardischs se ergueram e buscaram um outro setor, e mais outro, penetrando cada vez mais no cintur?o da horda, um anel de sistemas que a escurid?o reivindicava como sendo de sua posse, e que lhes foi tomado em um espa?o muito curto de tempo.

  Quando os tardischs terminaram no cintur?o nada mais havia, com vários dos planetas se mostrando irremediavelmente destruídos.

  Foi após a guerra no último planeta do cintur?o, um planeta médio de cor amarronzada chamado Hamem Deith, quando os tardischs dele se elevaram, que se encontraram com uma parede de anjos guerreiros. Em suas faces viram apenas desprezo e nojo ao examinarem quem eram, o que pouca importancia teve para os tardischs.

  Os tardischs flutuaram sobre o planeta que fumegava, envolto em uma densa neblina de caos e destrui??o. Após observarem os anjos por alguns segundos se viraram para partir, examinando as distancias, procurando algum outro ninho de escurid?o.

  - Esque?am suas inten??es, recuem de suas vontades – ouviram do anjo que comandava o exército.

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  Sênior estacou e se voltou para encará-los, tal como todos os outros.

  - N?o vejo escurid?o em vocês, ent?o partam. N?o coloquem suas vontades contra as nossas – avisou, a voz reboando fria no espa?o frígido.

  - N?o temos escurid?o em nossos cora??es, mas vocês têm. Devem nos acompanhar – falou, fazendo surgir, em cada anjo da linha de frente de seu exército uma cadeia brilhante, avisando que seriam acorrentados. – Ser?o julgados pelos seus atos.

  Sênior, de súbito, surgiu bem à frente do comandante, os olhos ferinos, fincados nos olhos do outro.

  - Julgados, pelo que? As centelhas estavam sendo torturadas das formas mais horrendas possíveis. Eles as queriam deformadas, transformadas em algo que à escurid?o servisse. Agora elas est?o livres.

  - Se engana, tardisch. N?o viu que muitas delas, após vocês as terem libertado, se uniram novamente à escurid?o.

  - Se assim é, foi porque lhes foi tirada a capacidade de decidir, porque tentaram destruí-las. Vocês deveriam combater a escurid?o e...

  - Combatemos o mal, e agora vocês se revelaram como tal. Respeitamos as escolhas feitas, mas o que vocês est?o fazendo, a forma como est?o batalhando, acreditando que lutam pela luz, é um caminho perigoso demais. Vocês combatem com a escurid?o em seus cora??es.

  Sênior ficou em silêncio, avaliando. Ent?o sorriu, um sorriso sarcástico e cheio de fel.

  - No fundo de seus cora??es nos temem, n?o é mesmo?

  - Três impartidos escuros existem. Esse universo n?o precisa de muitos mais.

  - N?o vê que até mesmo os que se partiram possuem sua express?o impartida? – falou, a voz reboando pelo espa?o.

  - Mas, eles n?o s?o como vocês...

  - E como somos nós?

  - Loucos...

  Sênior se virou, observando as centenas de milhares a que agora estavam reduzidos, e viu uma luz vigorosa e dura em cada um. Porém, sorriu ao ver que era somente luz o que via.

  - Afastem-se – ordenou, dando-lhes as costas e se afastando. – E se mantenham longe de nossos caminhos. Avisem aos outros... Agora, mais uma vez pe?o que saiam do caminho, ou ent?o ser?o tirados dele.

  - E como pensa em fazer isso?

  - N?o estou sozinho.

  - Nós fomos enviados pelo conselho.

  - Já disse isso – debochou - N?o vamos ficar inertes enquanto a escurid?o avan?a. Vários postos angélicos sucumbiram, e agora s?o postos escuros. N?o veem que esse discurso lhes foi passado de forma maliciosa pelos escuros para que n?o reajam? N?o ouvimos esses discursos, e quando chegam até nós n?o lhes damos ouvidos.

  Sênior sentiu a tor??o no espa?o-tempo, e reagiu.

  O punho, visivelmente, manipulou o espa?o, criando um cisalhamento, que pegou o comandante anjo atacante totalmente desprotegido. Ele tentou se afastar daquele lugar, mas o tecido do tempo também havia sido manipulado, ele percebeu tomado de horror, vendo o rosto daquele anjo zangado se formar à sua frente, enquanto a espada entrava com suavidade em seu peito.

  Sênior sentiu o exato momento em que a massa de anjos se moveu contra eles.

  Onda após onda se defendiam e atacavam.

  Assim foi até que Sênior observou os anjos, e soube que o cuidado que eles tinham em n?o matá-los n?o era correspondido.

  Com os olhos endurecidos se perguntou se o seu desejo de preservá-los era uma indecis?o perigosa, que colocava em risco muito mais que pensava. Já passara por algo assim uma vez, e fora doloroso demais.

  Ent?o se decidiu.

  E foi essa decis?o que a tudo alterou.

  A partir desse momento, quando atacou n?o mais era contra irm?os que lutava, mas contra pobres seres que usavam sua for?a para impedi-lo de proteger os mais fracos. Ent?o toda sua for?a foi colocada à sua vontade.

  O primeiro que morreu sob sua espada foi o que assumira a vaga de comandante, e depois, sob os tardischs, todos os outros anjos.

  Os seres escuros que a tudo seguiam, assustados com o que viam, abandonaram seus covis e redutos, numa desesperada tentativa de se afastarem, mas foram impedidos, ca?ados e dizimados com violência.

  Como uma terrível onda os tardischs foram avan?ando, cada vez mais duros, cada vez, agora, mais implacáveis. Eram como um vagalh?o que explodia as linhas que se lhe opunham, nada mais deixando após sua passagem.

  Por um tempo enorme demais os tardischs foram ca?ados, pela luz e pela escurid?o, e a ambos os lados respondiam, conscientemente sendo bem mais terríveis com os escuros, apesar de serem impiedosos com ambos.

  E tudo se tornou ainda mais terrível quando retornaram à Aden.

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