Sylvia caminhava pelo jardim central do campus ao lado de Edward. A brisa suave da manh? agitava os cabelos dourados dela enquanto ambos se dirigiam ao auditório, e em seu peito, uma ansiedade tênue se misturava à curiosidade. Ela sentia um certo orgulho de participar daquele evento, mas também um receio difuso, como se algo grande estivesse prestes a acontecer, embora ela n?o soubesse exatamente o quê.
— Obrigada por vir comigo, Edward. — disse ela com um sorriso.
— N?o tem problema. Eu mesmo queria conhecer a Sena e a Olivia pessoalmente. Dizem que s?o as mulheres mais influentes da ilha, e estou curioso pra ouvir o que elas têm a compartilhar. Deve ser inspirador.
Na entrada do auditório, Sylvia comprou dois cafés em lata em uma máquina automática e entregou um para Edward. Eles entraram e tomaram seus lugares. As apresenta??es tiveram início com discursos inspiradores e painéis de debate.
No primeiro coffee break, os dois se aproximaram da mesa de sanduíches. Sylvia comentou, ainda com os olhos voltados para o palco, enquanto seu rosto transmitia admira??o:
— A Olivia consegue manter uma aparência impecável mesmo em um ambiente que exige tanta firmeza...
Ela mordeu levemente o lábio inferior, distraída, e ajeitou uma mecha de cabelo atrás da orelha, seu olhar vagando até se fixar em um ponto no outro lado do sal?o. Uma sensa??o estranha percorreu seu corpo, um inc?modo sutil que ela n?o conseguia nomear.
— Ela tem uma presen?a marcante — concordou Edward.
Sylvia sentiu um arrepio percorrer sua nuca, fazendo com que seus ombros se retesassem por instinto. Ela virou o rosto lentamente, como se pressentisse algo importante prestes a acontecer. Seus olhos se fixaram em uma silhueta familiar, e sua respira??o vacilou. As m?os, antes relaxadas ao lado do corpo, se fecharam levemente, e ela deu um pequeno passo para trás, inconscientemente. Foi ent?o que viu Sena e Sebastian caminhando em dire??o a eles.
— Já vi aqueles dois em algum lugar... — murmurou.
— Aquela é a Sena, diretora executiva do Grupo Clover — respondeu Edward.
Sylvia congelou. Por um instante, tudo pareceu em camera lenta. Ela sentiu o cora??o acelerar, o est?mago revirar e um mal-estar difícil de explicar. Ver aquelas figuras t?o imponentes se aproximando a atingiu de forma estranha, como se algo importante estivesse prestes a acontecer — e ela n?o estivesse pronta.
Ao se aproximarem, Sena estendeu a m?o tranquilamente:
— Olá, tudo bem? — disse com um sorriso cortês, estendendo a m?o. — Eu sou Sena. E este é o Sebastian, meu assistente de longa data.
Sebastian fez um leve aceno com a cabe?a.
Ela observou Sylvia com aten??o por um instante.
— Qual o seu nome?
Sylvia engoliu em seco, sentindo o rosto aquecer.
— Oi... sou a Sylvia. Prazer.
Sua voz saiu mais fraca do que gostaria. Ela tentou disfar?ar o desconforto ajeitando os óculos, mas seu olhar evitava o de Sena.
Edward, tranquilo, estendeu a m?o para os dois.
— Edward. Uma honra conhecer a senhora, Sena. Já ouvi falar muito sobre seu trabalho. — Ele ent?o se virou para o outro. — Sebastian, prazer em conhecê-lo também.
Sena retribuiu o aperto com um sorriso contido. Em seguida, voltou-se para Sylvia:
— Podemos conversar por um instante, a sós?
Sylvia olhou para Edward com um toque de inseguran?a.
— Tudo bem. Eu te espero aqui. — disse ele, já mexendo no celular.
Sena lan?ou um último olhar para Edward antes de guiar Sylvia para fora do sal?o.
Do lado de fora, Sena guiou Sylvia por entre as alamedas do campus, atravessando áreas gramadas e passarelas de pedra cobertas por trepadeiras. O som abafado da conferência ficava para trás, substituído pelo farfalhar das árvores e pelo canto discreto dos pássaros. A cada passo, Sylvia sentia a tens?o crescer em seu peito.
Finalmente, chegaram a uma ala mais isolada do parque universitário, onde um banco de madeira repousava sob a sombra de uma árvore antiga. Sena parou ao lado dele e indicou com um gesto que se sentassem. Sylvia hesitou por um breve instante antes de obedecer, engolindo em seco.
Sena a observou por um momento, soltando um leve suspiro como se reunisse coragem antes de come?ar:
— Vou ser direta com você, Sylvia. Eu sei que isso pode parecer estranho, mas acredito que você é filha de Federico — o antigo dono do Grupo Clover.
Sylvia a encarou, surpresa, com um leve tremor na voz:
— Isso... isso n?o faz sentido. — Sylvia desviou o olhar, apertando as m?os sobre o colo. — Eu fui criada só pela minha m?e. Nunca... nunca tive um pai.
Sena inclinou a cabe?a, avaliando cada rea??o:
— Mesmo assim, preciso saber se está disposta a abrir m?o de algo que, tecnicamente, é seu. Você tem direito a parte da heran?a dele, Sylvia. N?o falo só de dinheiro...
Sylvia franziu a testa, inquieta:
— Que heran?a? — A voz de Sylvia tremeu, os olhos marejando antes mesmo que ela percebesse. — Meu pai nunca esteve presente. Nunca sequer mandou uma carta. Nem quando a minha m?e adoeceu... nem quando ela morreu.
Ela respirou fundo, tentando conter o choro que amea?ava transbordar. As palavras saíam com raiva, mas havia uma dor crua por trás de cada frase.
— Eu tive que me virar sozinha. Estudei feito louca, passei noites sem dormir, com medo de n?o conseguir.
Ela parou por um instante, tentando conter o nó na garganta. Seus olhos estavam fixos no ch?o.
— Se n?o fosse o Golden Fund e a minha pontua??o... provavelmente eu nem estaria aqui. N?o teria conseguido cursar a faculdade.
Ela inspirou fundo, a voz se tornando mais firme na dor:
— Entrei na universidade em primeiro lugar, consegui a bolsa do Golden Fund. Foi tudo por mérito meu. Tudo.
Ela apertou os punhos sobre os joelhos, com o rosto corado de emo??o.
— Eu n?o preciso de nada que venha desse tal Federico. Nada.
A men??o à bolsa fez os olhos de Sena se abrirem um pouco mais, intrigados.
— Bolsa do Golden Fund? Interessante... — disse Sena, com um sorriso que desta vez continha algo mais gentil, quase orgulhoso. Por um instante, o tom duro cedeu, e ela se inclinou ligeiramente para a frente, com um olhar mais brando. Com cuidado, pousou a m?o sobre as costas de Sylvia, fazendo um leve carinho, numa tentativa de transmitir calma.
— Olha, eu sinto muito por tudo isso, Sylvia. De verdade. N?o deve ter sido fácil. E n?o é justo que você esteja envolvida nisso sem sequer ter tido escolha.
Ela fez uma pausa, observando o semblante frágil da jovem à sua frente.
— Mas preciso que você escute com calma, por mais difícil que pare?a. O que estou dizendo n?o é fantasia. Existe um jogo oculto nesta cidade, algo que molda tudo nas sombras. E você é uma pe?a central nesse tabuleiro... Você é o novo Rei de Paus.
Sylvia deixou escapar uma risada nervosa:
— Isso é completamente absurdo. Jogo oculto, Rei de Paus... O que tudo isso tem a ver comigo? — Ela olhou para Sena como se esperasse alguma explica??o mágica que fizesse sentido. Parte dela queria ir embora, mas outra parte n?o conseguia ignorar o peso daquelas palavras.
Sena se aproximou um pouco, baixando a voz:
— Muito mais do que você imagina. A cidade inteira está se movendo por causa disso, e acredito que o seu sangue a coloca bem no meio. Confie em mim, Sylvia. Há algo grande em andamento.
This novel is published on a different platform. Support the original author by finding the official source.
O cora??o de Sylvia batia forte, e ela passou a m?o pelos cabelos, tentando se recompor.
— Por favor, seja mais clara... eu n?o consigo entender.
— Responda a uma pergunta: você tem sentido coisas estranhas ultimamente? Como se a cidade estivesse em caos, ou como se você estivesse sendo observada?
Sylvia hesitou, lembrando dos momentos inc?modos que tivera recentemente, mas evitou confirmar abertamente. Ainda assim, o olhar entregava sua dúvida.
Sena se levantou lentamente e deu um passo para o lado, olhando para Sylvia com um ar de expectativa. Em seguida, apontou discretamente para o banco em que a própria Sylvia estava sentada.
— Ent?o me fa?a um favor. Tente erguer esse banco.
— O quê? — A express?o de Sylvia beirava o panico. — Por que eu faria isso?
Sena descruzou os bra?os, firme:
— Porque você pode. Confie em mim, só... imagine que é uma rainha poderosa e tente.
Sylvia ficou parada por um instante, lutando contra a própria descren?a, até que respirou fundo e se levantou.
Sylvia o fez. Seus dedos tocaram a madeira do banco e, sem entender como, ela o ergueu com extrema facilidade, como se fosse feito de papel. Um arrepio percorreu sua espinha, os olhos arregalados de puro espanto.
— Meu Deus... — sussurrou, soltando o banco imediatamente.
Num reflexo, soltou o banco, mas antes que ele tocasse o ch?o, Sebastian se moveu com uma agilidade impressionante, pegando-o no ar com uma naturalidade sobre-humana. Em silêncio, ele o colocou suavemente de volta no lugar, como se nada tivesse acontecido.
Sylvia recuou um passo, o rosto pálido e a respira??o acelerada. Por um momento, ficou sem palavras, encarando as próprias m?os como se n?o fossem suas. O medo e a confus?o se misturavam no olhar.
— Com licen?a... — disse ela, quase num sussurro, recuando mais um passo, os olhos ainda fixos nas próprias m?os. A confus?o se misturava às batidas aceleradas de seu cora??o. Ela sacudiu levemente a cabe?a, como se quisesse afastar tudo aquilo, e ent?o virou-se de uma vez. Saiu correndo de volta ao auditório, os passos apressados ecoando na trilha de pedra. N?o olhou para trás.
Sena tentou chamá-la, mas Sebastian segurou seu ombro, negando com a cabe?a. Sena sentou-se no banco, derrotada. Sebastian acendeu um cigarro e falou:
— Melhor n?o insistir com Olivia por perto.
Sena estendeu a m?o em dire??o a Sebastian, sem olhar para ele.
— Me dá um cigarro também. — disse com a voz baixa, ainda olhando na dire??o por onde Sylvia havia desaparecido.
Sebastian entregou o ma?o e acendeu para ela. Fumaram em silêncio por alguns instantes.
— Agora, só nos resta confiar no Mirio. — disse Sebastian, sem muita convic??o.
Sena fez uma careta mais longa dessa vez, tragando profundamente antes de responder:
— Isso é o que mais me incomoda.
Ela soltou a fuma?a devagar, como se usasse aquele tempo para pesar as possibilidades.
— Ainda assim, ele é tudo o que resta.
Sena assentiu com um suspiro resignado, fitando o cigarro entre os dedos por um instante, pensativa. Era difícil imaginar como Mirio conseguiria convencer aquela garota t?o assustada, t?o avessa a tudo aquilo.
— Ele precisa agir logo... antes que alguém chegue a ela.
No distrito vibrante de Akiba, entre lojas de eletr?nicos, cafés temáticos e neons pulsantes, Mirio caminhava com as m?os nos bolsos. Os olhos atentos varriam as vitrines coloridas, mas sua mente estava em outro lugar.
Pensava em Elsa. Pelas estimativas de Mirio, talvez possuísse a for?a de uma rainha. Ela seria uma ótima pe?a em seu tabuleiro. Ele tinha certeza de que ela aceitaria sua proposta — ou, ao menos, jogaria o jogo até onde lhe conviesse.
Com um suspiro breve, Mirio entrou em um fliperama antigo que costumava frequentar em sua adolescência. O ambiente cheirava a nostalgia: metal aquecido, luzes piscando e sons eletr?nicos se misturando em caos. Os letreiros em neon lan?avam tons azulados e róseos sobre as máquinas, e as telas piscavam com personagens pixelados em lutas épicas. Ao chegar à se??o de jogos de luta, uma pequena aglomera??o de adolescentes em uniformes escolares chamou sua aten??o. Havia apostas correndo ao redor de uma máquina de Street Fighter 2.
No centro da como??o, uma garota de express?o serena, moletom branco com estampa de um gato preto, cabelo liso e escuro preso por presilhas douradas, jogava com um pirulito no canto da boca. Seu adversário era um garoto gordinho, tenso diante da tela.
Mirio se aproximou, cruzando os bra?os. Observou os últimos segundos da partida — a garota finalizou com um combo impressionante e sorriu, vitoriosa.
— Valeu pelo jogo, rapazes. — disse com desdém afetuoso enquanto os garotos entregavam o dinheiro da aposta, contrafeitos.
Quando os meninos saíram resmungando, Mirio se aproximou com um sorriso brincalh?o.
— Seu pai sabe que você tá apostando por aí?
A garota o encarou, semicerrando os olhos.
— Eu tenho vinte e três, tá? — disse, emburrada.
— Ent?o é pior ainda. Roubando doce de crian?a?
— Quer ser o próximo? — retrucou ela, abrindo espa?o para ele.
Mirio sorriu de lado.
— Tá me desafiando?
— T?.
Mirio sorriu e se posicionou ao lado dela.
A partida foi intensa, os comandos rápidos e precisos. Mirio apertava os bot?es com concentra??o, o cenho franzido e uma gota de suor escorrendo pela têmpora. A cada golpe recebido, seu desconforto crescia — n?o esperava tanta dificuldade. Mas, no final, ela venceu facilmente.
— Você joga bem. — disse ela, satisfeita. — Mas ainda tem muito o que aprender.
Eles jogaram mais algumas partidas, mas o resultado n?o mudou: ela venceu todas com facilidade. Era como se a garota soubesse exatamente o que ele faria antes mesmo que ele decidisse. Mirio tentava acompanhar, mas estava claramente em desvantagem.
Mirio olhou o celular e viu o horário. Arqueou as sobrancelhas, surpreso — n?o fazia ideia de quanto tempo tinha passado ali. O relógio marcava bem mais do que esperava. Soltou um suspiro breve, quase contrariado, como quem se dava conta de que estava genuinamente se divertindo. N?o era comum se perder assim em algo t?o simples.
— Eu preciso ir. Você costuma vir sempre aqui?
— Depende. Gosto de variar os lugares. Mas quando n?o t? no trabalho, costumo ficar por Akiba. — Ela se inclinou, um sorriso de desafio no rosto. — Quer perder em outros jogos também? — completou, os olhos brilhando com malícia.
Mirio riu, passou a m?o pelos cabelos, ainda se recuperando da última derrota, e apontou para o QR code em seu celular, exibindo-o em silêncio com um leve aceno de cabe?a.
— Na próxima você n?o terá tanta sorte.
A garota riu e escaneou o QR code, salvando o número dele com naturalidade.
Mirio saiu com as m?os nos bolsos, ainda sorrindo das partidas. Caminhou pelas ruas iluminadas de Akiba, relaxado, pensando em como aquele encontro leve e inesperado o havia surpreendido. às vezes, uma pausa dessas fazia bem.
Ele riu sozinho e seguiu seu caminho.
Ainda dentro do fliperama, observando Mirio desaparecer entre as máquinas, a garota ficou por alguns segundos olhando para o contato salvo na tela do celular. Encostou-se à lateral da cabine com ar despreocupado, afastando o pirulito com a língua enquanto abria o aplicativo de mensagens. O nome novo apareceu: [Mirio].
Ela manteve o olhar em Mirio enquanto ele se afastava, depois franziu os olhos e tocou na tela com dois dedos, concentrando-se por alguns segundos.
As informa??es do celular dele surgiram como mágica diante dela — um gesto discreto, imperceptível para quem estivesse por perto.
Ela sorriu, um canto da boca se erguendo lentamente — curiosa.
— é raro ver alguém sem redes sociais hoje em dia... — murmurou para si mesma, enquanto analisava os dados do celular do seu novo conhecido.
O sol batia forte sobre o convés reluzente do iate ancorado a poucos quil?metros da costa, ainda fora do alcance de olhares curiosos. Vivian, largada em uma espregui?adeira branca, usava óculos escuros grandes e um biquíni preto que deixava o corpo bronzeado ainda mais em evidência. Seus cabelos castanhos escuros, levemente ondulados, caíam pelas costas como seda brilhante. Reluzente com o óleo, sua pele captava a luz como ouro líquido, e o som suave das ondas se misturava ao chill-out que tocava nos alto-falantes embutidos. Ela tamborilava os dedos no bra?o da espregui?adeira, com a express?o de quem estava exatamente onde queria estar.
Um pouco mais afastado, Zack recostava-se casualmente sob o toldo. Ele usava uma camisa estampada com hibiscos vermelhos e folhas verdes, desabotoada, revelando seu abd?men definido. Digitava algo no tablet com ar distraído, os pés cruzados e um copo de suco intocado ao lado. De vez em quando, um sorriso tranquilo surgia por trás dos óculos escuros, mas seu semblante se mantinha calmo.
— Como tá indo o plano? — perguntou Vivian, sem tirar os olhos do mar.
— Dentro do previsto — respondeu Zack, em tom preciso. — Se tudo continuar como o planejado, logo teremos uma autoridade. A hora de acionar os recursos da empresa se aproxima.
Vivian sorriu, sem esconder o brilho de antecipa??o.
— Hm... será que v?o me recompensar direito por isso?
Ela virou o corpo, apoiando-se de bru?os, com um sorrisinho malicioso nos lábios. Passou a m?o lentamente pelos ombros, espalhando mais óleo bronzeador, enquanto seus pensamentos se afastavam dali.
Pensava naquela figura enigmática que habitava seus sonhos. Por ele, aceitara correr riscos e entrara no jogo sem hesitar. Era por ele que queria vencer. Como será que recompensaria seu esfor?o? A simples possibilidade fazia seu sorriso se alargar, quase infantil, contrastando com o luxo ao redor.
Um gar?om surgiu em silêncio, entregando a ela uma caipirinha perfeitamente montada. Vivian agradeceu com um aceno pregui?oso, pegando o copo gelado e encostando-o contra o rosto por um momento antes de dar o primeiro gole. Assim que o rapaz se afastou, ela suspirou de prazer e se recostou de novo.
— Essa vida aqui, ó... perfeita. — disse, erguendo o copo com um sorriso satisfeito. — No come?o, fiquei toda desconfiada com essa história de casar com o Federico. Nunca pensei que aquele homem metido fosse sequer olhar pra mim.
Zack soltou uma risada discreta, sem tirar os olhos do tablet.
— Mas notou. — Ele fez uma pausa. — Ainda mais improvável foi convencer ele a sair do território do jogo.
Vivian levou o copo aos lábios, pensativa.
— Aquele tal do Vince ajudou bastante no final. Acha que ele vai cumprir mesmo a parte dele?
— Temos como provar que ele tava agindo pelas costas da madame... apesar de n?o termos provas sobre o envolvimento dele no "acidente".
— Me dá arrepios pensar que vocês chamam aquela velha de madame. é verdade que ela transa com os meninos?
— Boatos maldosos — respondeu Zack, rindo.
Vivian fez uma cara de nojo. Após um instante de silêncio, inclinou a cabe?a como se uma ideia tivesse surgido de repente, os olhos ainda ocultos pelas lentes escuras voltados para o horizonte.
— Falando nela...
Ela tirou os óculos escuros e se virou levemente para Zack, com um sorriso divertido.
— Vem cá — disse, ajeitando os cabelos. — Vamo tirar uma selfie. Preciso mostrar pra "madame" que você tá dando duro, né?
Zack arqueou uma sobrancelha, mas se aproximou rindo. Pegou o celular de Vivian, que estava sobre a mesa lateral, e se levantou, caminhando até ela com passos despreocupados. Parou ao lado da espregui?adeira, inclinando-se levemente, o cotovelo quase tocando o encosto enquanto preparava a camera com familiaridade. Vivian ajeitou os cabelos com uma das m?os e arqueou a sobrancelha, rindo com leveza, sem fazer men??o de se mover.
— Agora sorri, queridinho — sussurrou ela, ajeitando os fios enquanto ele enquadrava a foto.
Zack levantou o celular, se posicionando para tirar a foto, quando o aparelho vibrou em sua m?o.
— Hm... — comentou, olhando o visor.
— Atende pra mim, Zack.
Ele deslizou o dedo pela tela, atendeu brevemente e trocou algumas poucas palavras antes de desligar.
— Quem era? — perguntou ela, com pregui?a.
— O gerente do banco. Disse que surgiram algumas boas oportunidades de investimento pra você.
Vivian sorriu, satisfeita, girando o copo levemente enquanto cruzava as pernas.
— T? curiosa pra ver o que a Olivia arrumou pra mim.
Ela sorriu, satisfeita, imaginando que boas notícias estavam a caminho.
Vivian e Zack