O silêncio ainda era o único som que o acompanhava. O eco dos próprios passos continuava ressoando pelas paredes escuras daquele subterraneo esquecido. O cheiro metálico do ar e a frieza do concreto úmido faziam com que o tempo parecesse parado — ou talvez fosse só a sensa??o de estar num lugar onde o tempo n?o tem importancia.
47 parou por um instante. O corredor à sua frente se bifurcava, criando dois caminhos distintos: um à esquerda, mergulhado numa penumbra mais densa, com sinais de ferrugem nas paredes e o som distante de água pingando; o outro à direita, mais iluminado, com um leve brilho azulado que pulsava como um convite silencioso.
Ele encarou ambos por alguns segundos, como se esperasse por um sinal. Depois, sorriu levemente, com a express?o serena de quem já tomou a decis?o:
— Homens devem seguir sempre direito — murmurou, virando-se à direita sem hesitar.
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O novo corredor parecia menos opressivo. As luzes azuis que piscavam no teto criavam um padr?o quase hipnótico. Havia fios grossos pendurados nas laterais, como veias metálicas que mantinham aquele lugar "vivo". 47 manteve o passo firme, mas os olhos atentos a qualquer sinal de movimento.
Ao virar uma curva, notou que o caminho se tornava ainda mais estreito. As paredes estavam cobertas por inscri??es estranhas, símbolos que pareciam escritos à m?o, como se alguém tentasse deixar um aviso — ou talvez um desabafo. Ele tocou um dos desenhos com os dedos e sentiu o relevo da tinta seca, como se tivesse sido pintado há muito pouco tempo.
Mais à frente, algo o fez parar: um som sutil, como uma respira??o leve, escondida na escurid?o. Ele estreitou os olhos, tentando encontrar a origem, mas n?o viu ninguém.
— Estou a ser observado? — pensou em voz baixa, enquanto colocava a m?o no bolso, onde havia guardado um pequeno peda?o de ferro enferrujado, sua única defesa até ent?o.
Decidiu continuar, apesar da sensa??o de ser seguido. Seus passos agora eram mais lentos, quase silenciosos.
Ao final do corredor, havia uma porta metálica entreaberta com um símbolo vermelho desenhado no centro — algo que ele nunca havia visto antes. O símbolo parecia pulsar, como se tivesse vida. 47 respirou fundo, empurrou a porta devagar, e entrou...