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TEMPESTADE

  Uma vez o encontrei, ao lado de uma estrela.

  A dêmona pegou nos dedos do anjo, um sorriso suave no rosto. Mas, havia tristeza ali, o anjo percebeu.

  - Aquela saudade novamente? – ele sussurrou.

  Ela inspirou demorado, apertando um pouquinho mais os dedos dele. Levantou os olhos, que deixou se perder além das nuvens.

  - Simmm. ... Muitas saudades, aquela indefinível – Layla confessou.

  - Se lembra de quando era uma demiana, antes que descesse como dêmona?

  - Um pouco, mas procuro n?o pensar nisso. N?o há importancia agora.

  - Mas, se pudesse, teria feito algo diferente?

  - N?o teria como fazer diferente – ela declarou, o rosto pesado de lembran?as. – Eu tomei a decis?o naqueles dias, e segui pelo caminho que se abriu. E quanto a você, Gadhiel? Dam?ni em Gadhiel...

  - Também n?o! – declarou com tranquilidade. – Ainda acho que Abha. ... Sei que agimos corretamente.

  - N?o é assim que Ovandriel pensa.

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  - Eu sei. Sabe, sinto muita falta dele também.

  - Eu também – ela declarou, um sorriso iluminando seu rosto.

  O anjo soltou seu dedo e se levantou, escondendo as asas.

  - E agora ainda temos mais isso, os nefilins e os dahrars. Em algum momento teremos que tomar alguma atitude?

  - Se houver honra ou nobreza, n?o importa qual ser seja, n?o é mesmo?

  Gadhiel sorriu, feliz com ela.

  - Você está certa. Mas há alguns que n?o pensam assim. Fica uma cobran?a sobre nós... E de nada adiantou n?o termos entrado em guerra, nos outros mundos. De nada adiantou n?o termos tomado partido. N?o entenderam que estamos aqui, que escolhemos estar aqui, em Urantia, para fazer alguma diferen?a – lamentou.

  - N?o termos tomado partido já era um sinal de nossa decis?o, ou indecis?o.

  - ééééé... Olhados com suspeita pelos anjos, odiados pelos caídos. Que terrível... – Gadhiel deu um sorriso triste.

  - Digamos que até que n?o. Eles ainda adoram te socar de volta para a terra quando tenta subir – ela riu satisfeita, vendo a cara de dor dele. – Ah, só estamos nos dando um tempo, para podermos avaliar realmente o que sentimos.

  - E ELE nada nos deu de indica??o. Por que esse silêncio DELE? N?o o ou?o mais...

  - N?o se martirize com isso, Gadhiel. Até Ovandriel disse que n?o o estava ouvindo.

  - E isso torna tudo ainda pior: os dois lados tomaram posi??es individuais, sem saber qual o desejo DELE – Gadhiel falou, um pouco desanimado.

  A dêmona se levantou e o abra?ou. Os dois ficaram longo tempo olhando uma nuvem de tempestade que crescia no horizonte.

  - Ahhh... – Layla suspirou com prazer, olhando a nuvem ao longe. O ar frio que crescia e se revolvia, os relampagos, o poder descontrolado, a energia febril. Que mais poderia desejar, por enquanto?

  - Hééééé... – suspirou ele por sua vez, abra?ando-a forte, desfraldando as asas, como um convite.

  Ela o olhou, os olhos brilhando de alegria, enquanto desfraldava as próprias asas.

  - Para a beirada da tempestade? – ela quis saber.

  - Para dentro dela – ele falou totalmente alegre se elevando no ar. - Tem relampagos e trov?es lá dentro. Vamos lá, dar uma arrepiada no corpo – riu.

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